quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A menina no ponto de ônibus


"Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação."
Mário Quintana

Tem acontecido tanta coisa que ando sem tempo para pensar em temas para colocar por aqui. Muitas responsabilidades assumidas no trabalho, muitas mudanças na minha vida amorosa e um grande desafio pela frente na parte educacional.

Mas por hoje reservo meu momento para falar de alguns tipos de olhar. Não é um olhar qualquer, comum, sem emoção. O olhar mais curioso é aquele que andando na rua você se depara e fica parado. O que tem atrás daquele olhar, daquela pessoa desconhecida. Não estou falando de paquera. A pessoa com o olhar pode nem perceber sua presença, pois o olhar dela é para dentro de si, mas você, sem querer, compartilha daquele momento de divagação. Eu sempre quis saber o que as pessoas estão pensando naquele momento.

Teve uma vez que vi uma mulher muito bonita e jovem no ponto de ônibus no qual eu estava. O olhar dela era perdido, mas muito bonito. Era à noite, mas podia ver as lágrimas que brotavam dos seus olhos sem que ela conseguisse segurar. Não sei se ela sequer notou minha presença, mas naquele momento pude compartilhar de sua dor.

Eu tinha acabado de dar o primeiro beijo numa futura grande paixão, mas naquele dia nada sabia do que o futuro me reservava. Não sabia que aquele beijo seria importante. Porém nunca esqueci daquela menina no ponto de ônibus que chorava. Nunca sei como agir nestas situações, às vezes ofereço ajuda na cara de pau, podendo até receber uma resposta mau-humorada, às vezes só compartilho.

O problema de compartilhar a dor alheia é que acabo sentindo um pouco dela. Não fale de dor de cabeça ou dor de saudade, é inevitável, daqui há alguns minutos compartilho deste pesar. O fato da pessoa falar para mim, me deixa mais sensitiva e faz com que a dor alheia diminua.

Não posso continuar nas minhas divagações e esquecer do olhar, por isso que comecei este texto e com este assunto irei terminá-lo. No ponto de ônibus, comecei a chorar junto da menina, ela não percebeu, mas não consigo evitar de ver alguém sofrendo e não sofrer também. Ir num enterro é uma das experiências mais dolorosas para mim, mesmo sem conhecer o falecido. Eu entro justamente no astral de tristeza daquelas pessoas e assim coloco todas as minhas tristezas para fora numa grande catarse.

Não consegui evitar de chorar, mas não conseguia entender o porquê de estar chorando, pois tinha acabado de conhecer um cara que parecia especial. Fui embora, peguei meu ônibus e esqueci dessa menina e seu olhar por um bom tempo.

Neste mesmo ponto de ônibus, reencontrei a menina com o olhar perdido, só que neste reencontro, o destino pregou uma peça. O olhar dela estava feliz, ela sorria com os olhos, numa felicidade radiante. E eu, tinha acabado de ver o cara especial com outra que ele deveria considerar especial naquele momento. O meu olhar estava perdido, triste e somente desta vez não consegui capturar e compartilhar do olhar de alegria da menina no ponto de ônibus.

Um comentário:

Fofa disse...

Oie...
Respondendo a sua pergunta, prefiro os malvadinhos... rs

Nossa, essa coisa do olhar, emoções me pega de jeito tbm...
Ui...

AH... deixei um Meme divertido proce lá no blog!

Beijocas