
Esta minha herança sempre me causou sentimentos antagônicos. Eu gosto de ter um sangue que não pertence a esta terra. Mas sempre fui motivo de chacota, por ser diferente da minha família brasileira e dos padrões de mulheres daqui.
Eu sou alta, tenho um cabelo muito escuro e liso e não tenho a ginga da brasileira. Apesar de ter um corpo parecido com as meninas daqui. Sempre fui muito estabanada, por não ter a noção do espaço que ocupo. Quando era criança e adolescente, estas diferenças me incomodavam. Mas você cresce e descobre que não precisa seguir esterótipo nenhum e que viva a diversidade e a miscigenação.
Por não me sentir completamente brasileira, sempre quis saber, se me sentiria metade portuguesa. Cultivei a curiosidade de conhecer o país de origem do meu pai e comprovar se é apenas o sangue lusitano que corre nas minhas veias ou se é minha identidade também. Quero conhecer as mulheres portuguesas e os costumes. Descobrir se um dia pisando em Algarve, Porto ou Liboa, teria a sensação de que também era parte dali.
A cidade de origem da família da minha mãe aqui no Brasil é um local sagrado pra mim. Lá eu renovo minhas forças e encontro disposição pra seguir adiante. Carrego uma dúvida se em Portugal eu teria a mesma sensação de pertencer e escolher um local sagrado além mar.
Sanarei está dúvida no dia 21 de agosto, quando chegarei em Lisboa.