terça-feira, 27 de julho de 2010

Eu sou galeguinha

Desde de pequena carrego apelidos devido a minha descendência europeia. Já fui galega, meia calabresa - meia portuguesa, girafa, formigona, portuguesinha e vários outros apelidos que não recordo. Galego é descendente de Galiza (Espanha) e eu sou filha de português. Por ignorância de algumas pessoas, os nascidos em Portugal são chamados de galegos.

Esta minha herança sempre me causou sentimentos antagônicos. Eu gosto de ter um sangue que não pertence a esta terra. Mas sempre fui motivo de chacota, por ser diferente da minha família brasileira e dos padrões de mulheres daqui.

Eu sou alta, tenho um cabelo muito escuro e liso e não tenho a ginga da brasileira. Apesar de ter um corpo parecido com as meninas daqui. Sempre fui muito estabanada, por não ter a noção do espaço que ocupo. Quando era criança e adolescente, estas diferenças me incomodavam. Mas você cresce e descobre que não precisa seguir esterótipo nenhum e que viva a diversidade e a miscigenação.

Por não me sentir completamente brasileira, sempre quis saber, se me sentiria metade portuguesa. Cultivei a curiosidade de conhecer o país de origem do meu pai e comprovar se é apenas o sangue lusitano que corre nas minhas veias ou se é minha identidade também. Quero conhecer as mulheres portuguesas e os costumes. Descobrir se um dia pisando em Algarve, Porto ou Liboa, teria a sensação de que também era parte dali.

A cidade de origem da família da minha mãe aqui no Brasil é um local sagrado pra mim. Lá eu renovo minhas forças e encontro disposição pra seguir adiante. Carrego uma dúvida se em Portugal eu teria a mesma sensação de pertencer e escolher um local sagrado além mar.

Sanarei está dúvida no dia 21 de agosto, quando chegarei em Lisboa.

2 comentários:

Marina disse...

O melhor de crescer é aprender que não precisamos estar dentro do padrão nacional para nos sentirmos bem. Tem gente que nunca cresce.

Boa sorte na sua viagem!

Alexandre Garcia disse...

Ser do norte de Portugal e ser apelidado de galego não é insulto nenhum, e até em parte acaba por constituir uma realidade porque o Norte de Portugal e o território que agora se chama Galiza (Espanha) foram, em tempos passados e durante muitos anos, o mesmo território e a mesma nação que se denominava Gallaecia. Mas sim, não queiras, como todos os outros, ser igual aos demais e tem orgulho na tua singularidade. Ser galego é ser maior. Escreve-te um português do norte, ou galego do sul se preferires.