terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Quando a razão briga com a emoção


Ana era divorciada, após a separação nunca imaginou que iria encontrar um novo amor. Fez de sua separação um período solitário e não mantinha esperanças amorosas. Sabia que um amor da forma que ela desejava, era muito difícil.

Só quem já passou por um casamento traumático poderia entender as razões de Ana de não procurar um homem. Ana possui uma beleza comum, vaidosa e não prestava atenção aos olhares que despertava.

Trabalhava muito, porque dali era onde poderia colocar toda sua energia. Trabalhava com o que gostava. Seus momentos de diversão eram jantares em lugares caros, viagens e uma taça de vinho que tomava sempre antes de dormir.

Os filhos já estavam fora de casa. Ela se acostumou no silêncio de sua casa. Ou melhor, quando o silêncio a incomodava, ela colocava Nina ou Elza no CDplayer e assim deixava sua imaginação fluir. Nestes momentos sonhava com aquele amor que nunca teve e nem esperava ter. O homem que poderia compartilhar estes momentos.

Mas o destino quis pregar uma peça em Ana. Sua amiga a convidou para ir na quadra de uma escola de samba em pleno verão. Ana relutou muito, ela não gosta da tríade: samba, suor e cerveja. Calor era uma coisa que não combinava, gostava de lugares mais frescos. Com o argumento de que seria apenas uma vez, ela resolveu passar por esta experiência antropológica.

Curtiu aquele momento, mas sabia que ali não era o seu lugar. De repente o diretor de bateria da escola de samba veio conversar com sua amiga. Dali, ela sentiu algo que não sentia há muito tempo. Seu coração bateu forte. E não sabe como aceitou uma próxima saída com aquele grupinho animado.

A próxima saída foi um samba de gafieira. Ana também não gostava deste estilo de lugar. Mas foi ali, que um a um dos amigos foram saindo e restaram ela e o diretor de bateria. Renato era seu nome. Naquela conversa maliciosa, viu como o mundo deles era distante. Ele era aposentado e a escola de samba era seu prazer. Onde a vida se tornava mais doce.

O inesperado aconteceu rolou um beijo, dois, três. Prolongaram a noite. Ana nunca tinha achado um homem que possuísse o mesmo encaixe sexual. Era se sua boca era a peça de quebra-cabeça que se encaixava na do Renato.

No dia seguinte, eles foram jantar no restaurante preferido da Ana. Renato visivelmente deslocado no local, ele vinha de uma origem humilde e se sentia um peixe fora dágua. Ana já sabia que estava se apaixonando, Renato também estava correspondendo. Mas a razão venceu a emoção, eles não combinavam em mais nada, só em pele, carinho e amor.

Com a sabedoria adquirida da maturidade, viram a impossibilidade da relação fora de 4 paredes. E assim nunca mais se viram. Ana hoje tem certeza, que Renato abriu seu coração para novas possibilidades. Ela continua sem pressa, vivendo sua vida e se o destino desejar, uma pessoa com uma vida mais compatível aparecerá.

Agora a pergunta, se você estivesse no lugar da Ana, você abandonaria uma paixão por incompatibilidade? Ou abandonaria uma paixão porque o momento não foi apropriado? Ou viveria aquele sentimento até o fim?

Um comentário:

Fofa disse...

Puts, escrevemos praticamente sobre o mesmo assunto hoje... Na verdade eu tive medo de ser mais direta... A "pessoa" tem acesso ao meu blog e não to a fim de tanta exposição...
O fato é que pensando nas suas perguntas e levando em conta o momento que to vivendo, eu digo o seguinte: se a incompatibilidade não é algo que te cause vergonha da pessoa, que você possa traze-la pro "seu mundo" e também viver no "mundo dela", eu não abandonaria essa paixão. Eu não sei bem se eu acredito nessa coisa de momento apropriado, eu acho que quando as coisas acontecem é porque é o momento delas acontecerem...
Enfim... Hoje eu acredito que devemos viver cada minuto, ao menos tentar, porque depois a vida passa, e você fica com aquela sensação de "deixei algo passar" e não tem como voltar atras..
É bem aquela frase: Prefiro me arrepender por ter feito, ao menos tentado, do que passar o resto da vida pensando como teria sido se tivesse feito...
Beijocas