terça-feira, 4 de novembro de 2008

Escolhas a curto prazo e a longo prazo

A uma eternidade atrás eu ganhava um salário mínimo, e eu dava um valor muito grande ao meu pouco dinheirinho. Eu morava ainda com meus pais e não tinha muitas responsabilidades. Naquele momento, as minhas escolhas eram a longo prazo. Nenhuma compra que eu fazia era por impulso, por futilidade.

Eu sempre imaginava um futuro no qual eu ganhava mais e não precisava ter tantas limitações. Nem todos finais de semana eu podia sair e mesmo assim eu era feliz. Buscava programas baratos ou de graça. Praia era uma destas escolhas, passear no shopping era outra. Era uma vida limitada.

Mesmo assim, eu separava 50 reais do meu salário e aplicava na poupança. Eu não entendia nada de investimento e me asseguraram que poupança era seguro. Eu juntava este dinheiro sem nenhum próposito certo. Seria um dinheiro para emergências e se eu não precisasse, seria minha entrada na casa própria. Aquele dinheiro poderia ser usado também numa viagem ou na compra de um carro. Isso tudo a longo prazo.

Hoje a minha vida não é esta dureza toda. Além do meu salário maior, as minhas escolhas passaram a ser de curto prazo. Geralmente, as pessoas vão ficando mais velhas e mais cautelosas com o bolso. Comigo aconteceu o contrário. Vivo e gasto como se não houvesse amanhã. Não troco uma viagem, um show, um tratamento de beleza, por nada neste mundo.

Talvez minha escolha mudou, depois que uma arma foi apontada para minha cabeça. Eu tinha 20 anos. Naquele dia, não houve despedidas de pessoas queridas, não tive uma boa notícia, meu coração estava vazio, não tinha realizado nada ainda. Foi um dia bem rotineiro e pensei em morrer tendo certeza que a minha vida não tinha valido a pena.

Ter vivido alguns anos da dureza me deixaram com mais vontade de viver e aproveitar mais a vida. Tem dias que questiono isso tudo, as escolhas a curto prazo influenciam outros campos da minha vida. Como quase tudo que gosto e não me preocupo como deveria com meu peso. Se fosse uma escolha a longo prazo, aplicava uma alimentação mais saudável e beberia bem menos. A minha futura silhueta me agradeceria.

De qualquer forma, acredito que viver como se não houvesse amanhã não é uma boa escolha. Vai que eu morro com 92 anos. Tenho que me proporcionar qualidade de vida num possível futuro. Mesmo que ele possa não chegar. Parece clichê, mas o equilíbrio entre escolher a curto e longo prazo. Deixar uma reserva, mas não deixar de fazer coisas que tornem a vida menos dura.

E qual é a sua escolha?

Um comentário:

Leonardo disse...

Nunca tive muita escolha... Por não ter salário fixo, sou obrigado a poupar. Mas isso não significa que não aproveite o presente. Tento ficar num ponto de equilíbrio. Vai que eu chego também nos 92? Não quero me arrepender do que não fiz mas também não quero depender do INSS!!