terça-feira, 22 de julho de 2008

Exercício de chorar

Hoje estou enjoada de tudo, inclusive fisicamente. E a dor de cabeça está me matando. Odeio gente que reclama de dor, mas não tenho como evitar.

Deve ser porque quase nunca falo das dores que sinto. Nem as físicas, porque raramente as sinto. E muito menos as dores do coração, que sinto com frequência.

É engraçado que me coloco numa posição tão superior as coisas, que sou incapaz de chorar, demonstrando assim o que sinto.

Sabe aquela criança que toma porrada e responde que "não doeu". Mas doeu, doeu muito.

Eu fico pensando quando recebo notícia de morte de alguém querido. Minha reação automática é reestruturar. Qual o próximo passo? Tomar banho, ir no velório, prestar assitência para as outras pessoas que estão sofrendo e enterrar o falecido.

Eu não penso na dor, fico em cima dela. O que ocasiona o não sentimento de dor. Ele está lá, mas o meu foco está para as coisas práticas, as coisas que terão de ser resolvidas. Não há espaço para o sentir.

Não. Eu não sou uma pessoa fria. Sou extremamente carinhosa e completamente emotiva. A minha máscara que é assim. Dura, fria e distante dos acontecimentos.

Curioso pensar que nem para os homens que amei, demonstrei isso. Eles davam porrada e eu rebatia com a fortaleza.

Estou aprendendo a chorar como forma de desarmar o inimigo. Mas ainda não é um choro verdadeiro.

Eu sou me permito chorar em uma situação. Aí sim é uma catarse. Geralmente choro na dor alheia. Pode ser alguém me contando algo, pode ser lendo um livro, pode ser vendo um filme.

Toda aquela tristeza represada é colocada pra fora. Aí ninguém entende, porque choro tanto vendo filmes ou lendo. Pra quem me viu poucas vezes chorando deve ser assustador.


Porque eu soluço mesmo. Sinto uma dor tão grande pelo outro que não consigo mensurar. Foi assim com o livro "Caçador de Pipas". Foi assim com "O Casmento do meu melhor amigo".


No filme, alguns irão dizer que não vê motivos para chorar. Mas o problema é que me vi ali. Pude ver a minha vida. E só assim pude me libertar.






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