segunda-feira, 14 de julho de 2008

O exercício do Perdão

O caçador de pipas
Um dos últimos livros que li, fiquei extremamente emocionada com a lição do perdão. Chorei, porque só consigo chorar lendo livros ou vendo filmes que me emocionam. Dificilmente choro fora deste contexto. A vida está uma melancólica, fico deprê, mas não choro.

Não estou falando do perdão ensinado na nossa sociedade cristã. Neste momento não é o que mais me preocupa. Uma raiva ou uma mágoa acumulada pode te acompanhar pelo resto da vida. Não quero carregar algo que faz mais mal para mim.

"As instruções pareciam claras: perdoe pelo bem do perdão. Perdoe não porque há um motivo que você entenda (pois talvez você jamais entenda Meus caminhos) nem porque Eu mereço (pois os caminhos que Eu manifesto muitas vezes são terríveis e assustadores). Perdoe unicamente por amor, para que possamos novamente ficar juntos. Perdoe porque você, criado à Minha imagem, também é um perdoador. Eu criei você com essa capacidade para que sempre, não importa o que aconteça em sua vida, você e Eu possamos estar juntos, prontos para um novo começo."

Também não quero perdoar somente para me livrar de algo que me faz mal. Só quem carrega mágoas de muitos anos, sabe como isto corrói. É como se seu corpo fosse uma carreta transportando um material altamente tóxico.

A dor só existe para quem carrega. Como livrar destes sentimentos? É perceber que não existem vítimas ou algozes. Ser vítima de uma situação pode ser uma escolha. Ninguém aguenta uma pessoa que só sabe ser vítima. Reconhecer seus defeitos e sua falhas faz com que perceba o outro.

"Senti-me completamente só. Aquela sensação me lembrava das vezes em que discuti com minha mulher. Brigamos sobre alguma injustiça ou mágoa que tivesse ocorrido. Eu apresento meu caso perante meus juízes internos e provei estar certo. Isolei-me na minha integridade, punindo-a com rejeição e distância. Às vezes isso dura algumas horas, às vezes uns poucos dias. Mas finalmente, a solidão se instala. A distância se torna insuportável. O afastamento exige um fim. Meu desejo de reconciliação supera minha necessidade de estar certo ou de punir. E assim, sem sequer precisar falar sobre o motivo da briga, terminamos perdoando um ao outro para que possamos estar juntos novamente, amando novamente, seguindo em frente com nossa vida e com o relacionamento familiar. Não perdoamos por qualquer motivo, nem por aceitarmos a infantilidade um do outro, ou nossa fragilidade e imperfeição. Perdoamos simplesmente porque desejamos amar e nos reunir. Para que possamos estar juntos de novo. Para que as coisas voltem a ser como eram."

Um perdão dado de coração, pode mudar vidas e mudar sua própria trajetória. Hoje estou magoada, mas não quero que isto fique comigo. Estou tendo a grande oportunidade de crescer e não posso deixar algo tão menor, romper com a minha felicidade.

Hoje escolho perdoar, apesar desta decisão ser tão difícil. E tomara que eu consiga.

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