quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O encontro

Fazia tempo que não a via. Quando ela chegou na sua moto, colocando aquele cabeleira ondulada e ruiva para fora do capacete, não sabia o que fazia. Minha vontade era de sair correndo e abraçá-la, mas não sabia qual seria sua reação.

Então fui andando em sua direção calmamente e controlando a minha emoção de revê-la. Uma amiga que você não vê mais de 10 anos, tem de tomar cuidado com as atitudes. Eu a magoei muitas vezes com a minha distância. Então todo cuidado era pouco.

Quando abracei, não chorei, me controlei. Porém ela percebeu toda a minha emoção. Ela me conhece. Sabe que na sua presença fico mais vulnerável. Nada disse e eu também nada falei.

Eu só queria me enroscar na sua cabeleira longa e vermelha. Queria aquele colo. Só ela me entenderia tão profundamente. Por mais que estivesse magoada comigo, ela nada falaria. Como somos tão previsíveis uma para a outra.

Fomos para um canto mais reservado, ela sentou e assim me meti no meio das suas longas pernas. Brinquei com os anéis do cabelo. E chorei. Comecei com lágrimas que não cessavam. Depois solucei. Não imagino o que passava pela sua cabeça, mas se manteve quieta durante este processo tão doloroso para mim.

Quando o o silêncio começou a me incomodar, acabei dizendo que já tinha esquecido de como era linda. A gargalhada escandalosa me deixou envergonhada. Então com aqueles olhos intensos me olhando disse que não imaginava que me tornaria tão bonita com este caminho de merda que eu escolhi.

Afirmou que só aconteceu por genética. Mas depois ficou me olhando e admitiu que as porradas que levei me deixaram com cicatrizes que pareciam tatuagens. E que estava muito sexy depois de tanta desilusão. Como um caminho de merda poderia ter me feito ficar mais bonita.

Xingou meia dúzias de caralhos e disse meio a contra gosto que não tinha previsto isso. E que imaginava que um dia iria me transformar numa bola de carne de gordura. Só quem traí seus instintos acabam virando algo pior, explicou ela. Eu mesmo na dor transformei a minha beleza para algo bom para mim. Só quem trazia luz como eu, poderia fazer um negócio destes.

Neste momento percebi o avançar das horas e decidi partir. Mantivemos uma postura bem fria na despedida. Mas sei que depois que Vahalla voltou a minha vida, ela nunca mais será a mesma.

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