sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O meu lado masculino

Fui criada numa família de mulheres de personalidades fortes. A mulher de uma maneira geral é forte, algumas não percebem devido à construção da identidade feminina ao longo dos séculos.

Mulher sempre foi associada à postura frágil do ser humano. Porém um humano que pode parir não pode ser considerado algo frágil. A fragilidade é algo cultural que nos foi colocado.

Eu nunca quis ser frágil. Fragilidade para mim é sinal de fraqueza. Ser fraco para mim é um defeito. Se fosse para adquirir uma identidade, eu preferia a masculina. Ser homem é muito mais interessante.

Por exemplo, o menino não possui as responsabilidades domésticas da menina. Sei que fui criada numa família bem machista, porque quando as mulheres resolvem ser machistas, elas são bem piores do que os homens machistas.

Para o menino a sua infância é mais livre. Da menina é uma preparação para o casamento. Eu ainda lembro do discurso da minha avó de que a mulher que não sabe fazer serviço de casa, mesmo que tenha dinheiro, não vai saber mandar.

Eu não quero mandar, eu não quero é ter que me preocupar com isso. O mundo era muito maior e restringiam meu futuro como a madame que delega ordens no seu barraco.

Uma coisa que invejo os homens é capacidade de se relacionar com várias mulheres. A mulher foi doutrinada para ter um pensamento bem monogâmico. Eu não estou levantando a bandeira da libertinagem, da traição e nada disso.

A minha abordagem se restringi a sentimento. Não acho admirável de múltiplas relações com nenhuma profundidade. Acho interessante o fato de o homem separar o sexo do amor. Eu acho que ao longo da minha curta vida, eu consegui separar em algumas situações. Mas não foram em todas.

A minha adolescência fui cercada de amigos. Obtive louvor como a amiga mais masculina de todas. Os homens compartilhavam coisas comigo e não faziam isso com outras amigas. Mas sempre ficava no entre, pois não era tão masculina e nem era feminina.

Atualmente estou valorizando a minha porção feminina. Ela é muito importante também e está associada ao meu sexo. Hoje, se eu fosse decidir qual identidade eu teria, não escolheria nenhuma. Quero ser livre pra inventar um novo gênero, que não se classifica em nenhuma sopa de letrinhas.

Não sou gay, mas tenho muito tesão em homem. Não sou lésbica mas acho as mulheres divinas e tenho uma profunda admiração. Não sou drag, mas adoro seus excessos. Não sou bi, mas adoro a diversidade proporcionada por esta opção.

Portanto, neste processo de autoconhecimento, vou descobrindo uma nova opção de ser. Não vou me definir com conceitos existentes. Viverei em um criado por mim e assim serei feliz.

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